Participe do Projeto Leitura sem Fronteiras
Retomamos, agora, finda a pandemia, através do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), o programa Leitura sem Fronteiras que lançamos, em maio de 2019, quando presidíamos a Academia de Letras da Bahia. O projeto enseja que uma biblioteca seja aberta em espaços de quaisquer dimensões, com acervos variáveis, de mil exemplares para cima, sabendo-se que numa pequena comunidade esse mínimo pode ser bem menor, baixando até vinte exemplares, como seria o caso de um consultório médico-odontológico, um pequeno negócio ou um pequeno condomínio residencial. A ideia central é que a cada livro retirado o tomador deixe um outro exemplar no lugar, para assegurar a rotatividade. Caso não disponha de um exemplar, devolva o exemplar retirado, depois de lê-lo. Estimamos que haja na Bahia cerca de 15 milhões de exemplares, um por habitante, mofando no interior das residências, sem qualquer serventia.
Correspondências personalizadas, contendo detalhadas explicações sobre o projeto, estão sendo enviadas a todos os 417 prefeitos, presidentes de câmaras e secretários de educação municipais da Bahia, bem como a entidades de classe e veículos de comunicação, visando a criação de um mutirão estadual em favor da criação do hábito da leitura, num Estado, como o nosso, que figura como o de pior educação e detentor dos mais baixos índices de leitura, causa e efeito dos males que nos afligem, culminando com o mais baixo IDH do País.
Em Salvador e Região Metropolitana, sem prejuízo da indiscutível liderança que cabe às prefeituras, esperamos que entidades públicas e privadas, pessoas físicas e jurídicas se voluntariem para conosco, liderarem a criação de várias dessas unidades de incentivo e expansão da leitura, em bairros de todos os níveis de renda. Os horários de funcionamento das bibliotecas são os mais flexíveis, observadas as peculiaridades ambientais de cada logradouro. Da tarefa de fornecer metade dos livros das diferentes unidades criadas incumbir-se-á nosso IGHB-Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, estimando-se uma obtenção de pelo menos cem mil exemplares para as unidades da Região Metropolitana de Salvador. Convênio, para instruir os funcionários das unidades, deve ser feito com os cursos de Biblioteconomia, com associações de moradores, centros religiosos, ou com quem queira abrir uma janela de sua residência para emprestar, receber ou escambar livros. O custo de cada unidade pode variar significativamente, restringindo-se ao aluguel do espaço e à contratação de pessoal, mínimo, no caso das pequenas comunidades.
Aos que se deixam imobilizar pelo pessimismo, de modelo facilmente previsível, composto de duas vertentes: 1- numa terra de analfabetos, quase ninguém terá interesse na leitura; 2- os livros rapidamente se esgotarão porque não serão devolvidos, respondemos com o conhecido caso real-imaginário de marketing, segundo o qual dois fabricantes de sapatos do Rio Grande do Sul mandaram pesquisar o mercado do vizinho Paraguai, com o propósito de implantar ali uma fábrica. Os avaliadores chegaram a conclusões opostas. Enquanto o primeiro concluiu: “Não vale a pena investir no mercado do Paraguai, porque ali todos andam descalços”, o segundo foi taxativo: “O Paraguai é um grande mercado potencial porque quase toda a sua população anda descalça.”
Entre as muitas e imagináveis virtudes do Projeto, sobressai-se a permanente discussão sobre a conduta ética a ser observada pelos mutuários dos livros, pondo em relevo a crítica demolidora à tendência de alguns que querem levar vantagem em tudo. Os interessados em fazer doações, devem ligar para o Instituto 3329.4463/6336.
Tem razão o Poeta dos Escravos ao concluir que o livro é um “audaz guerreiro que conquista o mundo inteiro sem nunca ter Waterloo”. Tendo a considerável vantagem adicional de ensinar que gente honesta não vota em ladrões!
*Joaci Fonseca de Góes, advogado, jornalista, empresário, ex-deputado federal constituinte e presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IGHB).
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