IGHB faz campanha para manter na Bahia a Biblioteca que pertenceu a Cid Teixeira
Foto: Alerte Soares - Divulgação
O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia faz um “Apelo Público” para que a Bahia não perca um dos maiores acervos bibliográficos sobre a sua história. A biblioteca do professor Cid Teixeira (1924-2021), composta por 17 mil volumes, está sendo comercializada por seus herdeiros e corre o risco de deixar a Bahia, caso nenhuma pessoa ou instituição se mobilize pra mantê-la no estado.
O vasto acervo de livros, revistas e publicações diversas, guardados carinhosamente durante décadas por um dos maiores pesquisadores e historiadores da Bahia, reúne, em grande parte, obras referentes à Bahia, em seus múltiplos aspectos. São volumes que tratam de história, geografia, economia, clima, agricultura, literatura e cultura de modo geral. Alguns são raridades bibliográficas e muitos tratam de temais mais gerais, como o Brasil e Portugal.
O presidente do IGHB, Joaci Goes, destaca a importância do que considera ser “um tesouro que a Bahia não pode perder”. A entidade que preside está liderando essa campanha para sensibilizar a sociedade baiana e os poderes públicos, através das suas instituições - notadamente as ligadas ao setor cultural, de ensino e pesquisa - para manter na Bahia um “acervo tão precioso”.
Uma comissão nomeada pelo Instituto visitou a antiga residência do professor Cid Teixeira, na Pituba, onde os livros se encontram, constatou a importância deles para a memória da Bahia e avaliou as condições em que se encontra o acevo. Segundo um dos membros da comissão, Jorge Ramos, diretor da Biblioteca Ruy Barbosa, “é inconcebível que as nossas instituições, empresas públicas ou privadas, deixem sair da Bahia uma das maiores e mais expressivas coleções sobre o nosso rico e importante passado, ainda mais no ano do centenário de nascimento daquele que ficou conhecido como a “Enciclopédia da Bahia””.
Os livros estão em dezenas de estantes metálicas e sobre móveis distribuídos em quatro quartos e uma sala do imóvel, que se encontra fechado desde a morte de Cid Teixeira, ocorrida há dois anos. Após a aquisição será necessário um amplo trabalho de higienização, classificação e catalogação e, em alguns casos, de restauro. Alguns deles possuem, entre as páginas, papéis soltos com anotações feitas pelo próprio Cid Teixeira. A caligrafia foi atestada por um dos netos, que explicou ser aquela uma prática do velho professor, que passou a maior parte de sua vida dando aulas sobre a Bahia, em cursos universitários, colégios e também em programas de rádio.
ENCICLOPÉDIA DA BAHIA
O professor, historiador, escritor, advogado e jornalista ( foi filiado ao Sindicato dos Jornalistas da Bahia/SINJORBA e à Associação Bahiana de Imprensa /ABI), Cid José Teixeira Cavalcante nasceu em Salvador no ano de 1924. Foi funcionário e associado do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), ensinou em diversos colégios e faculdades da Bahia e se notabilizou pelo vasto conhecimento sobre a Bahia. Foi tema do documentário “A Enciclopédia da Bahia”, do cineasta Roberto Gaguinho.
Conhecido pela memória invulgar, disseminou a cultura histórica através de suas aulas, conferências, artigos em jornais, escritos diversos e em programas de rádio, o que o tornaram bastante popular. Durante muito tempo foi a principal referência em temas históricos ligados à Bahia. Como jornalista foi editor-chefe do jornal “Tribuna da Bahia” e no Instituto de Rádio Difusão Educativa da Bahia – IRDEB implantou a Rádio Educadora da Bahia. Escreveu dez livros de história e colaborou em dezenas de outras publicações do gênero. Morreu em 2021, aos 97 anos.
Imagem: acervo do historiador Cid Teixeira
