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Trivialidades

Este assunto é mais uma trivialidade de tantos quanto tenho escrito ao longo dos tempos. Na realidade, é só o que posso comentar no momento, em consonância com o meu estado de espírito.


Tenho que me fixar nas ideias que passam por minha cabeça, vazia de interesses neste instante. Tão alheia ao meu habitual dia a dia de trabalho e atividades múltiplas, vejo o ano começar sem estar no meio dele.

Escuto, diariamente, a televisão, procuro ler os jornais, mas, por incrível que pareça, não consigo me concentrar na leitura de um livro. Sequer, procuro reler Machado de Assis, que sempre me atraiu, e os clássicos conhecidos. Agarro-me ao cotidiano, porque, só assim consigo aguentar o marasmo de minha vida. Sempre ágil e ativa, desde os primeiros anos de vida, sinto-me a quarta parte de que fui. O pior, é que me escapou o entusiasmo e, sem ele, perco o viço natural, que sempre emoldurou a minha personalidade.


Volto-me para a família, especialmente meus filhos, netos e bisnetos, e percebo que ainda me resta o fundamental. Os irmãos, que agora são apenas seis, também são importantíssimos para mim. Filha de família numerosa, felizmente, tenho nos irmãos conservada a minha unidade básica. Sempre fomos unidos, fraternalmente amigos, solidamente ancorados na herança do lar paterno. Eles me ajudam a recompor quadros do passado e recordar os primeiros anos de vida. Apesar de garota, desde pequenina, tinha em Pedrinho meu padrão. Garoto levado da breca, convidava–me para peripécias perigosas. Seguia-o cegamente, certa que tudo estava bem conosco e poderíamos enfrentar as aventuras.


Por isso, conseguia subir em árvores, escalar muro de nossa casa, no Desterro, enfim, fazer toda sorte de diabruras. Lia Monteiro Lobato com avidez e adorava as aventuras daqueles endiabrados netos de D. Benta. Também me deliciava com O Tico Tico, encantando-me com “Chiquinho”, um garoto loirinho de espessa franja.

Quanto aos amigos, foram enriquecendo a minha existência. Alguns poucos são ainda do curso infantil, outros do primário e secundário do Colégio N. Sa Auxiliadora, da educadora D. Anfrísia Santiago, que plantou boas sementes na minha cabeça estouvada. Ela apreciava a minha espontaneidade e sempre chamava meu pai para tomar algumas medidas, a fim de que me tornasse mais aplicada e menos barulhenta.


Terminado o secundário, fui estudar no Colégio Nossa Senhora das Mercês, onde cursei o clássico. Fiz novas e sólidas amizades, que me acompanham nesta caminhada. Em outros espaços, na Faculdade de Filosofia da Ufba, fiz novas alianças, como também na Associação


Comercial da Bahia, levada pelo entusiasmo de Alcione Barreto Dias, ,Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de outras associações congêneres do país, na Associação Bahiana de Imprensa, no Rotary Clube da Bahia, nas Academias de Letras da Bahia e na de Educação.

Não sei, com precisão, se foram esses apenas meus espaços de convivência e construção de amizades.

Tudo quanto foi aqui mencionado faz parte do meu “patrimônio espiritual”, do qual não quero jamais me apartar.


Sei que não é fácil levar as coisas como a gente deseja e quer. Razões de múltipla natureza não permitem usar essa vontade, mesmo que seja indômita, como sempre foi a minha nas minhas determinações “capricornianas”.


Estou em Paz, com Deus, passando por uma experiência dolorosa, mas tenho me conformado com a situação. Fazer o que?


Conformar-me com o que me sobreveio ao dia 21 de outubro de 2014, dia terrível, talvez o mais complicado da minha existência.



Fonte: Tribuna da Bahia

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