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“VI Congresso foi palco de protestos e advertências contra as ações que ameaçam, de modo grave, as n

É missão do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) zelar pelas tradições, por isso o VI Congresso de História da Bahia teria mesmo que ser palco de protestos e advertências contra as ações que ameaçam, de modo grave, as heranças culturais que ao longo do tempo os baianos preservaram. Tal como a feijoada baiana, que se distingue do mesmo prato preparado em outros estados brasileiros, porque é preparada aqui com feijão mulatinho, enquanto os demais utilizam o feijão preto. Ocorre que a produção do feijão mulatinho decaiu e os baianos estão substituindo esse produto pelo feijão carioquinha ou adotando o feijão preto. Esse problema foi enfatizado tanto pelo professor Vitor de Athaide Couto, da Unifacs, quanto pelo escritor Guilherme Radel, autor de livros sobre a culinária baiana.

O tema do VI Congresso foi “Festa e comida” e os três dias de mesas redondas e conferências foram proveitosos e frutuosos. Tanta informação, por certo inspirará novos trabalhos devido às muitas sugestões contidas nas apresentações. A professora Maria Beatriz Nizza da Silva, titular (aposentada) da USP, onde prossegue orientando pós-graduandos em História, informou que na primeira metade do século XIX, após a abertura dos portos, numa fase de fartura de produtos no comércio de Salvador, houve dois negociantes norte-americanos que abasteceram suas casas comerciais com variados itens importados dos Estados Unidos. Ela acentuou que esse tema permanece sem o devido estudo.

Se o referido professor Vitor Couto mostrou preocupação com o futuro da feijoada baiana, sua colega, professora Lívia Liberal de Matos Reis, com quem apresentou o trabalho “Pãozinho Delícia: patrimônio imaterial da Bahia?”, revelou sua inquietação com as mudanças adotados pelos chefes de cozinha nas receitas da culinária baiana, alterações que visam distingui-los no universo – suponho que vaidoso – da cozinha autoral. A propósito, ouvi na semana passada, num programa radiofônico de Salvador, um desses chefes propor a feitura de vatapá diet utilizando-se Arrozina como ingrediente principal. Estranhei a proposição, mas fui advertido por uma querida amiga que isso não é bem uma esconjurada ideia.

O VI Congresso de História da Bahia contou com a colaboração qualificada da sócia do IGHB, professora Maria Helena Flexor, que coordenou o evento, o que lhe permitiu incluir na programação dois professores estrangeiros, o africano Kazadi wa Mukuna (congolês) e a escritora Lourdes Bravo da Costa, de Goa/Índia (foto). O professor da Universidade de Kent (Ohio/EUA) falou sobre “A origem africana do samba: mito ou realidade?” e assegurou que, apesar das influências culturais africanas, o samba é criação brasileira. A escritora Lourdes Bravo da Costa falou sobre “Descobrimentos portugueses e a sua influência na comida goesa” e ensinou que as trocas de produtos e sementes entre as colônias resultaram no plantio de cajueiro (planta nativa do Brasil) em Goa e a adoção desse fruto na culinária local. Há em Goa, por exemplo, aguardente de caju.

As conferências e os "papers" apresentados nas mesas redondas serão publicados mais adiante. Por Luis Guilherme Pontes Tavares IGHB/ Associação Baiana de Imprensa

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