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O Amargo sabor do fracasso

Para nós, brasileiros de todos os quadrantes, é de máxima importância compreender que o desejo da vitória não pode, de maneira alguma, suplantar a verdade dos fatos.

Nenhuma previsão é infalível, porque êxito e malogro dependem de inúmeras circunstâncias. Quando se desenham fatores previsíveis de sucesso, a vitória é alcançada. Mas, quando se interpõem fatores desconhecidos ou ignorados, deles resultam, quase sempre, o revés inesperado.

Será que, de sã consciência, algum brasileiro, de média capacidade intuitiva, acreditava na conquista do hexacampeonato? Por que antecipar prognóstico de sucessoe pintar hexa campeão nos ônibus dos traslados dos jogadores? Por que se apostou tanto nessa improbabilidade?

Não pode haver dúvida de que o tempo exerce um poder catalisador, de molde a arrefecer o sentimento de derrota que feriu fundo a alma da nossa gente. Com o amortecer do trauma, a sensação dolorida deste momento cederá lugar a uma impressão de conformidade com o inevitável.

Não sei se muitos brasileiros já despertaram do “sonho letárgico” e se conscientizaram do enorme fiasco que a equipe brasileira e seus mentores expuseram aos olhos do mundo. Ingenuamente, muitos compatriotas se comportavam como se vencedores pudessem ser. Como consequência agiram irracionalmente, emitindo correntes mentais de triunfalismo, que se reproduziram por todo o país.

A dose de paixão e de emoção incontrolada foi tão intensa que, mesmo assistindo o mau desempenho dos nossos atletas, ainda se acreditava que Neymar Junior e Tiago Silva, para citar apenas dois ídolos, resolvessem a questão. O desastre ocorrido com o primeiro jogador, convertido em talismã, e o cartão amarelo dado ao segundo, devem ter servido de aviso. Talismã, minha gente, segundo os ocultistas, jamais poderá ser usada por mera ostentação. De acordo com os mesmos detentores desses poderes poderá ser objeto de um pensamento negativo

Quanta coisa má foi lançada sobre o jovem ídolo brasileiro? Quantas correntes de pensamento negativo recaíram sobre sua frágil figura física? Resta, todavia, um consolo: o mérito do talismã é a capacidade de regenerar-se, após restabelecidas as harmonias abaladas ou subtraídas diante das malévolas emanações.

Por outro lado, a superstição muito arraigada no espírito da nossa gente, faz com que o discernimento fosse para as “cucuias” e a crença de que tudo vai dar certo continue a perdurar na mente dos que acreditam que Deus é brasileiro. Nesse caso, a opinião pública sintetiza o julgamento da maioria e, mesmo que muitas pessoas não acreditem na quimera, acabam sendo contagiadas pela vaga de otimismo. De igual forma, a onda de patriotismo também infla os pulmões dos torcedores, assumindo feição de orgulho irracional, que não permite se enxergue o óbvio e se alimentem de excessiva arrogância.

Para os brasileiros, que confiavam cegamente na liderança de Felipão, que acreditavam nas baboseiras de Galvão Bueno, Ronaldo e Casagrande, tudo ia bem no “país do futebol”.

A catástrofe foi provocada pelos competentes alemães, que deram uma surra de sete gols na equipe brasileira. O sofrimento, inesperadamente, se abateu sobre a nossa gente, sobre as nossas criancinhas, usadas nas chamadas da TV, para alimentar a ilusão dos “vencedores”. Eu mesma, que não sou de me contagiar com essas babaquices, gravei o jingle de certo banco, que diz: “Mostra tua força Brasil/ E amarra o amor na chuteira/ Que a garra da torcida inteira/ Vai junto com você Brasil”. Até que ponto é possível aceitar que tudo isso não é verdade?

Publicação: Tribuna da Bahia

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