27 de junho - Exposição "Olhares sobre as Igrejas"
NAVE DA IGREJA DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO
A atual igreja substitui uma antiga, cuja fachada era voltada para o lado onde hoje se encontra a Ordem 3ª de São Francisco. Voltada para o Terreiro de Jesus, a igreja atual teve sua construção iniciada em 1708 e só terminada pelos anos de 1740. Foi erguida com as esmolas da Confraternidade franciscana, composta por pessoas de nível econômico alto, o que explica sua riqueza, numa Ordem voltada à pobreza. A nave da Igreja do Convento de São Francisco é o melhor exemplo da tipologia de construção exigida pelo Concílio de Trento. Tem nave única com altares laterais intercomunicantes. O altar-mor foi todo modificado entre os anos de 1926 e 1930. Nele os frades conservaram o estilo rococó para se harmonizar com o conjunto, mas a grande imagem do Cristo Crucificado, que estava no lugar recomendado pela Contrarreforma foi substituído pelo conjunto de Cristo abraçando São Francisco, de autoria de Pedro Ferreira, um mestre de obras e escultor, que foi escolhido pelos frades, através de um protótipo de pequenas dimensões, ainda conservado pela família. A nave possui, ainda, dois altares colaterais, de Nossa Senhora da Conceição, a cujos pés estão túmulo dos Garcia d’Ávila, principais patrocinadores, e o de Santo Antônio de Lisboa, protetor da Ordem Franciscana, além de dois altares nas pontas do transepto. O forro conta a vida da Virgem Maria, em pequenos painéis cercado por molduras geométricas salientes, modelo de origem árabe, não se conhecendo a autoria. A Igreja tinha apenas duas Irmandades e estas eram compostas pelos escravos do Convento ou dos de fora que fossem admitidos. Seus santos protetores ocupam os dois últimos altares laterais, o de São Benedito, junto à porta de saída para a portaria do Convento e o de Santa Ifigênia, junto à porta que dá acesso à Ordem 3ª de São Francisco. O conjunto de São Francisco foi o primeiro edifício tombado, pelo então SPHAN, com processo assinado por Carlos Drumond de Andrade, em 1938.
Exposição virtual “Olhares sobre as Igrejas”. Fotógrafo: José Spínola. Textos: Historiadora Maria Helena Flexor.
CORO DA IGREJA DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO
O coro da Igreja do Convento de São Francisco foi o primeiro espaço do conjunto a ser decorado. Encontra-se no fundo da Igreja sobre as portas de entrada, sustentado por quatro grandes colunas, duas ao centro da nave, onde ficam as pias de água benta que, segundo a tradição, foram doadas por D. João V, e duas junto às paredes laterais. Da Igreja primitiva foram guardados os cadeirais, que ocuparam os espaços laterais do novo coro. Foi obra do irmão leigo Frei Luiz de Jesus, que os historiadores apelidaram de “O Torneiro”, e autor de todos os gradis, que separam as capelas laterais da nave da Igreja. Originariamente existia um órgão, usado nas cerimônias mais importantes, - como música de caráter religioso, contrapondo-se à música de barbeiro, no espaço externo em festas leigas -,numa pequena platibanda que o coro sustenta, do lado esquerdo. Foi retirado em época desconhecida. Acima dos cadeirais foram distribuídas telas, pintadas a óleo de autor desconhecido. Complementando o mobiliário o coro uma estante, para sustentar grandes livros que, normalmente que continham pautas musicais e letras dos cânticos religiosos, que podiam ser visualizados de longe. O coro é protegido por gradil destoante da decoração dourada, entretanto, o que chama mais atenção, sobre ele é um nicho vazado com a imagem de grande porte de Cristo Crucificado. Era coberto por cortinas e galões, como o eram todos os altares das igrejas do século XVIII. A moldura do nicho possui pequeninos nichos nos quais estavam localizadas relíquias de diversos santos, mas que foram retiradas pelos frades para resguardá-los de roubos. A relíquia mais importante está sob os pés do Cristo, - outrora no arremate do nicho, está um crânio, ou calvária, relíquia doada ao Frei Vicente das Chagas pelo Papa Inocêncio XII. Não sabendo de que mártir se tratava, convencionou-se, por sugestão do próprio Papa, a chamá-lo de São Fidélis Mártir. Foi concedido, por privilégio, para se poder rezar missa pela relíquia, anualmente, no dia 26 de março.
Exposição virtual “Olhares sobre as Igrejas”. Fotógrafo: José Spínola. Textos: Historiadora Maria Helena Flexor.