Instituto comemora 121 anos e homenageia Consuelo Pondé
Nelson Rocha
Ontem, 26 de agosto, à noite, durante solenidade, foram comemorados os 121 anos de fundação do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, entidade cultural mais antiga do Estado. A data do aniversário foi 13 de maio, mas teve que ser adiada em virtude do falecimento da professora Consuelo Pondé de Sena, no dia 14 do mesmo mês. Durante a sessão desta quarta, sob a presidência do empresário Eduardo Morais de Castro, além da homenagem a ex-presidente, houve entrega do Diploma do Mérito e Medalha Bernardino de Souza, posse de novos associados, homenagens aos sócios falecidos, lançamento da Revista 109 do IGHB e apresentação musical da Camerata da Polícia Militar.
“Nos últimos 20 anos, esta é a primeira comemoração de aniversário da Casa da Bahia, na ausência da inesquecível Consuelo Pondé de Sena; muito embora emane de cada particular singularidade desta casa o seu espírito combativo e empreendedor”, disse na abertura do seu discurso o presidente do IGHB Eduardo Moraes. “Os 121 anos, contudo, representam um despertar para mais um século de contribuição do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia ao conhecimento e a cultura”, acrescentou.
Na oportunidade, Eduardo Moraes também destacou que a recuperação de rico acervo do IGHB, tombado pelo Iphan, é uma das prioridades da atual diretoria, “juntamente com a recuperação física de suas edificações, em destaque para a antiga sede do Senado, o prédio sede em tombamento pelo IPAC, como também ao imponente imóvel situado à Rua Teixeira de Freitas, 50, que deverá receber a denominação de Pavilhão Consuelo Pondé de Sena”. Sobre as finanças do instituto atualmente, Eduardo Moraes revelou à Tribuna que as dificuldades continuam, a exemplo do que acontece “como qualquer instituição cultural. Nós não temos a tradição de mecenato e é natural que realmente essas dificuldades ocorram. O Fundo de Cultura do Estado da Bahia é importantíssimo para a nossa entidade, assim como para diversas outras do estado, e graças a ele nós temos estas portas abertas para o público do Brasil e do exterior”, enfatizou.
Durante o evento, prestigiado por autoridades, historiadores, escritores, professores e representantes de diversas outras áreas de destaque na sociedade baiana, foram contemplados com a Medalha do Mérito: Guarani Araripe (arquiteto), Jaime Oliveira Nascimento (historiador), Rubens Antonio Filho (geólogo) e Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba); todos personalidades de destaque no Estado, com relevantes serviços prestados à preservação dos valores cívicos da Bahia e do seu povo. Através do Programa Estadual de Incentivo ao Patrocínio Cultural – Fazcultura (Secult), a Coelba patrocinou a recuperação da instalação elétrica do IGHB, no valor de R$ 240 mil. A atual sede da Casa foi inaugurada em 2 de julho de 1923 para ser o monumento arquitetônico destinado ao culto da nossa data magna, o 2 de Julho.
Falou em homenagem a professora Consuelo Pondé de Sena, o orador oficial do IGHB, Edivaldo Boaventura. A professora e historiadora Consuelo Pondé de Sena nasceu em 1934 e faleceu no dia 14 de maio de 2015. Presidiu o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia por 19 anos. Durante 31 anos, foi professora de Tupi, do Departamento de Antropologia da Ufba. Na mesma Faculdade, lecionou História da Arte. Mais tarde, assumiu o Centro de Estudos Baianos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, foi diretora da Casa de Rui Barbosa da ABI, e do Arquivo Público do Estado. Escreveu os livros: Trajetória Histórica de Juazeiro, em colaboração com Angelina Garcez (1992), Cortes no Tempo (crônicas), A Hidranja azul e o Cravo vermelho (crônicas), Bernardino de Souza: vida e obra (2010) e No insondável tempo (2013). Articulista dos jornais Tribuna da Bahia e A Tarde, era membro de dezenas de instituições culturais no Brasil e no exterior. Coordenou e presidiu vários encontros ligados à história, geografia e ciências afins. Foi eleita para a Cadeira nº. 28 da Academia de Letras da Bahia, quando tomou posse no dia 14 de março de 2002.
Sobre o IGHB
Fundado em 13 de maio de 1894, a entidade cultural mais antiga do Estado é também conhecida como a “Casa da Bahia”. É uma das 15 instituições apoiadas pelo programa Ações Continuadas a Instituições Culturais, iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) através do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA). Para se ter uma ideia de sua importância, o Instituto possui a maior coleção de jornais, datados desde o século XIX até a atualidade, além do maior acervo cartográfico do Estado, o que permite a sociedade conhecer a origem dos atuais 417 municípios baianos. Na Biblioteca Ruy Barbosa, 30 mil títulos, incluindo obras raras, que estão à disposição de pesquisadores e demais interessados. Os títulos estão disponíveis em cadastro online através do site www.ighb.org.br. O mesmo acontece no Arquivo Theodoro Sampaio, que reúne e conserva acervos particulares, a exemplo de Theodoro Fernandes Sampaio, Brás do Amaral e Hildegardes Viana e preciosidades, como os manuscritos de poesias de Antônio de Castro Alves e cartas de Antônio Conselheiro. Ao percorrer as instalações da instituição, é possível conferir em seu Museu uma importante coleção de retratos, além de esculturas de bronze, mobiliário de época e peças religiosas da cultura africana na Bahia. O IGHB é o guardião do Pavilhão 2 de Julho, no Largo da Lapinha, onde estão os dois principais símbolos da maior festa cívica do país: o Caboclo e a Cabocla; ícones da participação popular nas lutas pela independência baiana.
Sobre a Medalha - A medalha leva o nome de Bernardino José de Souza, sergipano, etnógrafo, que foi professor de Geografia e História, além de diretor da Faculdade de Direito da Bahia. Autor de várias obras importantes ficou mais conhecido na Bahia do que em sua terra natal. Seu nome está associado a um extenso acervo bibliográfico e também a realizações empreendedoras, como as construções das sedes do IGHB e da Faculdade de Direito da Bahia, onde hoje funciona a OAB-BA.