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Corrupção

A palavra vem sendo usada largamente tal a banalidade com que vem se praticando o dolo e é feita a sua divulgação na mídia.


Geralmente significa o comportamento desviante dos deveres formais, seja de um cargo público em razão de vantagens pecuniárias seja de status concedidos a seu titular, familiares e amigos íntimos, ou que viola as normas contrárias ao exercício de certas modalidades de influência de interesses particulares, a exemplo do suborno, nepotismo e peculato, conforme traduziu Dr. Fernando Tourinho Neto.


Também se costuma definir corrupção com o “uso do poder público para proveito, promoção ou prestígio, ou em benefício de um grupo ou classe, de forma que constitua violação da lei ou de padrões de elevada conduta moral”.


A corrupção do Brasil é histórica e está tão entranhada no espírito de nossa gente que não causa mais espanto. Aparece, pela primeira vez, na carta de Pero Vaz de Caminha, quando esse escrivão da frota portuguesa, sem a menor cerimônia solicita a Vossa Alteza: “E pois que Senhor é certo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida. A Ela peço que, por me fazer graça especial, mande vir da ilha de São Tomé e Jorge Osório, meu genro que d´ELa receberei em muita mercê“.


Em nosso país, onde campeia a injustiça e o desrespeito às leis, são vários os motivos que contribuem para o uso e o abuso dessas “licenciosidades”.


Podemos nomear algumas delas: a burocracia complexa e enervante, a figura do intermediário, do despachante, que exigem propinas a cada “serviço” prestado, a ineficiência do serviço público, motor da corrupção na medida em que os brasileiros, de modo geral, pensam que só obtêm o desejado mediante a propina paga ao funcionário público. Outros desencadeadores da corrupção são os pesados tributos, que possibilitam a sonegação, a quantidade de leis estapafúrdias, que conduzem a vários expedientes desonestos, o consumismo muito praticado pelos brasileiros, de modo geral, de que é exemplo a “lei do Gérson “- pois se deseja levar vantagem em tudo.


Por outro lado, a corrupção não é reprovada socialmente, tolerando-se até o recebimento de propinas pelo fiscal ou guarda de trânsito, sem falar na vergonhosa frase “rouba mas faz“ para justificar práticas escabrosas de determinados políticos.


Como é natural, o custo social provocado pela corrupção é imenso, tanto assim que as obras públicas custam o dobro ou o triplo em que foram estimadas. Em contrapartida, as verbas “prometidas” aos pobres jamais são a eles destinadas. Situação lastimável sobre nossos olhos é a transposição do São Francisco, tantas vezes denunciadas pelos especialistas, como o saudoso engenheiro Manoel Bomfim Ribeiro, debatedor contumaz do famigerado projeto, que sobre o tema escreveu vários livros. Para concluir, o “custo social” com a corrupção é imenso, as obras se eternizam e não chegam ao fim.


Para não ficar sem um lembrete, a corrupção no Poder Judiciário é a pior dentre todas, pois é na Justiça que o cidadão confia que seu direito será reconhecido. Ledo engano.


A corrupção no Executivo é desastrosa, porque a administração pública está contaminada pelo que ocorre nas empresas. Essas, mancomunam-se para a partilha do “bolo”, cabendo a uma ou a outra as obras a serem executadas. Nenhuma delas tem prejuízo, prejudicada é a administração pública, e por consequência, o povo.

Por isso, o ex-ministro da Saúde, Adib Jatene declarou: “No Brasil, os empreiteiros definem as prioridades do Estado“.


O administrador sabe - todos sabem – como se dá a licitação, e nada se faz para modificar. Tudo continua como está“. E, para não esquecer Rui Barbosa, vale lembrar: “Um juiz indigno corrompe o direito, ameaça a liberdade e a fortuna, a vida e a honra de todos, ataca a legalidade no coração, inquieta a família, leva a improbidade às consequências e à corrupção às almas”. Por último a “Operação Lava Jato” envergonha o país e os brasileiros, porque a Petrobras sempre foi uma riqueza e um motivo de orgulho nacional”.


Nada acontecerá, afinal, porque o Brasil nasceu desonesto e assim permanecerá enquanto essa “cultura” continuar dominando a vida pública nacional. Com efeito, é sob essa égide que se mantém o Estado Brasileiro.

Começaremos mal o novo ano. O noticiário da imprensa abre manchetes sobre o déficit público. Informa que ele dobre quase 6% do PIB, maior patamar desde 2003. O que nos aguarda 2015?




Fonte: Tribuna da Bahia

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