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Perfídia ? covarde instrumento do mal

O que move certas pessoas a fomentar a discórdia e adesconfiança? Que estranho sentimento incentiva o veneno da inimizade, a ponto de destruir afeições e desestabilizar projetos em andamento? O que leva o ser humano a engendrar situações equívocas, que se espalham como rastilho de pólvora e incendeiam tudo quanto surge pela frente?

Na minha maneira de pensar e de agir, somente um sentimento torpe pode acionar arsenal tão destrutivo, pelo simples deleite de finalizar uma amizade, destruir um sentimento, interromper um projeto que se pretende realizar a duras penas, de maneira voluntária, sem pretender qualquer tipo de retribuição?

Costumo ser franca, por isso acredito que, os que convivem comigo, são incapazes de julgar-me uma pessoa incapaz de atuar por trás dos bastidores, ou recolher-me numa “burca” para esconder meus sentimentos. Não fazem parte do meu vocabulário as palavras: dissimulação, covardia e mentira. Aliás, por ter sido assim desde criança, sempre fui advertida, por meu pai, de que franqueza demais não agrada, afasta, especialmente quando se lida com pessoas que preferem o subterfúgio e a maledicência. Privilégio a conduta transparente, em consonância com o meu temperamento, a prejudicar, quem quer que seja, por meio de palavras e atitudes mentirosas.

Doloroso é observar como essas condutas obtêm sucesso, porque se valem de expedientes enganadores, “convincentes”, e se apoiam em circunstancias insignificantes, simplesmente pelo prazer de envenenar, destruir e anular, mas também pelo gosto de prejudicar, de sustar a evolução dos acontecimentos fadados ao êxito. O sucesso incomoda. E como! Quantos torcem para que as coisas não aconteçam e o fracasso se sobreponha à vitória.

Examinando a história dos povos, das nações, das cidades e mesmo das pessoas, verificam-se ocorrências de atitudes e gestos demolidores, intencionalmente planejados, para opor obstáculos aos caminhos traçados pelos que acreditam nas forças do bem e na construção dos nobres ideais.

De acordo com L. Setembrini: ”Neste mundo recolhe-se aquilo que se semeia: quem semeia lágrimas, colhe lágrimas; quem traiu, será traído”. Essa é a lição da vida ...

Joaci Góes, nosso brilhante sertanejo de Ipirá, é autor de importante ensaio, intitulado “A Inveja – nossa de cada dia – Como lidar com ela”, o mais substancioso e completo trabalho sobre o pior dos sete pecados capitais. Por que se debruçou extensamente sobre esse tema um varão bem sucedido, um empresário vitorioso, um intelectual reconhecido, uma pessoa que sabe conviver bem com todos e tem extraordinária capacidade de relacionar-se e de apoiar aos que dele se acercam? Com certeza, também foi e continua sendo alvo da cobiça de muita gente.

No prefácio à sua obra, o falecido psiquiatra José Angelo Gaiarsa infere: “A doença – é da humanidade!-parece crônica e na verdade incurável, mas se percebida e confessada, seus malefícios se atenuam e, qual diabetes com sua insulina , torna-se mais fácil conviver com ela. Quanto mais secreta, mais virulenta – como o texto o demonstra a cada página”.

Já percebi que muito dificilmente se é capaz de revelar as angústias contidas em quem sofre. “Somos sós no sofrimento. É este um fato deprimente se formos nós mesmos a pessoa que sofre; mas este fato torna possível a felicidade do resto do mundo”. A Huxley.

Será que muitas pessoas experimentam esse estranho prazer, pelo simples fato de não aceitar o trabalho ou o prazer alheios? Fazem intriga pelo gosto de articular inimizades? De instalar a discórdia?

Os que se deixam contaminar pela perfídia não confiam nos “supostos” amigos, porquanto, os que constroem sólidos afetos não se deixam afetar pelas intrigas, muito menos pelas maledicências. Antes buscam a verdade, perseguem a certeza, averiguam, desmascaram.

Pessoa alguma está livre de sofrer as dores de um falso testemunho, de padecer por conta de uma interpretação equivocada, de ser julgada por uma palavra dita sem intenção de magoar, sendo comum que muitos falastrões, que vivem alardeando grandezas, contando lorotas, quando não sabem criam, inventam.

Realizar um exame minucioso, dissecar um enigma nebuloso, é tarefa dos psicanalistas, não me cabendo, por total incapacidade, descobrir o que se esconde por detrás das denominadas “forças ocultas”.

Essas intrigas, esses desacertos, essas desconfianças sempre farão parte, para mim, de um repertório conscientemente ignorado de acusações aleivosas.

Publicação: Tribuna da Bahia

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