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A Copa do Desânimo - será reanimada?

O clima de festa, de euforia, de entusiasmo, de vibração incontida, parece ausente desta Copa de 2014, exatamente, quando o Brasil está sediando o mundial acontecimento esportivo.

O mundo mudou, e como! O universo, como um todo, assiste espetáculos de debacles econômicas, guerras fraticidas, rebeliões inconsequentes, violência e crueldade. Todos, ou quase todos, aspiram a paz, apesar das divergências de natureza política e direcionamento das questões cruciais de inúmeras populações separadas pelo ódio e pela beligerância.

Nós mudamos. Certamente, agora estamos mais conscientes das dificuldades por que o país atravessa, às voltas com lamentáveis deficiências, com o descrédito da classe política, com insatisfações de toda monta, que levaram o clamor popular para as ruas do Brasil.

O Brasil, apesar dos pesares, está como anfitrião de um prélio que também mudou no decorrer do tempo. Segundo Luiz Fernando Veríssimo, “o meio de campo não é mais lugar para intelectuais. É onde o domínio do jogo é disputado com rudeza, a machadadas, e não há tempo nem espaço para a sabedoria“.

Apesar dos prognósticos desfavoráveis, na hora H, o torcedor vai engajar-se na torcida, esquecer os problemas estruturais do país, recepcionar os jogadores, torcer com entusiasmo pela conquista da taça, tal como vez nas anteriores disputas. É certo que as manifestações políticas acontecerão, e serão muito mais intensas do que as que ocorreram no ano passado, por ocasião da Copa das Confederações. Estamos num ano eleitoral e não se vai perder a oportunidade de revelar as insatisfações dos mais diversos grupos, por mil e um motivos.

Embora nada entenda de futebol, acredito que, à medida em que se aproxima o grande prélio, os torcedores brasileiros revelam confiança na capacidade do Felipão e se revelam otimistas em relação à conquista da sexta estrela. De acordo com a pesquisa da Datafolha o treinador da seleção brasileira tem a aprovação de 68% dos entrevistados, revelando que em 2002, quando o técnico venceu o pentacampeonato, tinha apenas 37% de avaliação favorável antes do início do torneio. Mesmo porque, além de contar com a vantagem de jogar em casa, vários craques das melhores seleções do mundo não farão parte do Mundial, o que, de certa forma, esmaece o brilho da competição.

Vale considerar que as notícias veiculadas pelos órgãos de imprensa, daqui e do exterior, haverão de contribuir para que a demanda de estrangeiros seja bem menor do que a estimada pelos contumazes entusiastas desse tipo de disputa, sobretudo, por aqueles que, desconhecendo a qualidade de vida de vários países desenvolvidos do mundo, ainda apostam na excelência do Brasil e mantêm o ultrapassado ranço ufanista, de muitos compatriotas. Percebe-se um certo desânimo no seio daqueles que imaginavam obter grandes lucros com seus investimentos.

Assisti, há dias, pela TV a abertura das festas oficiais da Fifa, em Fortaleza, quando se realizou, na praia de Iracema, a primeira Fan Festa, que foi muito animada e concorrida, com apresentação de forró cearense e axé da Bahia, estimando-se que, por volta das 18h30, cerca de 16.000 pessoas já haviam transposto os portões da arena. Esse evento se repetirá em vários espaços do país, estendendo-se por 25 dias, com transmissões dos jogos e apresentações artísticas e culturais. Deseja-se que tudo transcorra na “santa paz do Senhor “e que os maus presságios não se concretizem.

Certo é que já existe um esmaecido “clima de Copa”, quando as cores do Brasil começam a enfeitar praças, largo e avenidas, animação intencional e estratégica para mobilizar as torcidas, tornando-as ativas e barulhentas, como é de praxe em quase todo o país.

Vamos, portanto, apelar para o Senhor do Bomfim para que nós, os anfitriões, ofereçamos ao mundo uma prova de que sabemos acolher os visitantes e que, afinal, apesar de todos os problemas, somos um país de pessoas sofridas, mas civilizadas.

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